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16/03/2016

Pink Floyd: “The Wall” inspira uma ópera





Fonte: Expresso - Portugal
Nuno Galopim


A história de isolamento, morte e alienação que corre entre as canções do álbum “The Wall”, que o Pink Floyd editou em 1979, vai ser adaptada a um palco de ópera. A partir das letras e composições de Roger Waters que fazem um dos álbuns mais marcantes da história do grupo, Julien Bilodeau idealizou “Another Brick in the Wall”, ópera com encenação de Dominic Champagne que terá estreia a 11 de março de 2017 na Opera de Montreal (Canadá).

A ópera, que terá à frente do elenco a voz do canadiano Étienne
Dupuis (interpretando o papel de Pink), vai assinalar os 375 anos da cidade de Montreal e tem entre as muitas justificações possíveis para a sua criação o facto de o incidente em palco, que inspirou Roger Waters a criar o álbum “The Wall”, ter ocorrido, em 1977, num concerto dos Pink Floyd no Estádio Olímpico, que, no ano anterior, tinha estado no centro das atenções do mundo desportivo. Reza a história que, nessa noite de concerto, incomodado por alguns espectadores barulhentos, Waters acabou por lhes cuspir em cima. Ao refletir sobre o que havia sucedido, deu por si a pensar no que pode separar quem está no palco de uma plateia, daí acabando por surgir a ideia que o levou a “The Wall”.

O libreto, que é atribuído a Roger Waters, segue a par e passo a narrativa conceptual que definia as canções do álbum. A sinopse, já disponível no site da Ópera de Montreal (no qual se podem escutar cerca de dois minutos de um segmento de música orquestral e coral que integra a ópera), confirma que “Another Brick in the Wall” segue a história de Pink, cujo pai morre durante a II Guerra Mundial e que é depois vítima de maus-tratos da mãe e dos professores, acabando consequentemente por se isolar do mundo ao seu redor, correspondendo o fim do seu casamento ao último tijolo que coloca no muro que, entretanto, havia levantado entre si e todos os outros.

Nascido em 1974, Julien Bilodeau, que compôs a música de “Another
Brick in the Wall” tendo por inspiração as canções do álbum dos Pink Floyd, é um nome com obra já reconhecida no Canadá, tendo há cinco anos sido convidado pelo maestro Kent Nagano a compor “Qu’un Crie Elève Nos Chants”, obra que foi estreada na noite de inauguração da Maison Symphonique de Montreal. Esta será a sua primeira ópera.

Lançado em 1979, “The Wall” teve já várias outras vidas, do filme de Alan Parker com o mesmo título estreado em 1982 (com Bob Geldof no papel de Pink e explorando os desenhos de Gerald Scarfe usados tanto na capa do disco como nos cenários da digressão) ao mais recente filme-concerto “Roger Waters The Wall” (na foto), recentemente editado em DVD entre nós.

Ao longo dos anos as canções de “The Wall” acabaram por conhecer outros sentidos além daqueles que traduziam a narrativa conceptual que lançou o álbum. E ao apresentar as canções em Berlim, em 1990, num espaço entre as portas de Brandemburgo e Potsdamer Platz onde meses antes passava o muro que dividia a cidade, “The Wall” ganhou também um significado político, que o próprio Roger Waters sublinha por vezes entre ações e palavras, quando fala de outros muros que ainda subsistem.


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